
Em O bandido da luz vermelha, Sganzerla propõe um cinema onde se rompe o equilíbrio entre centro e periferia. Não sabemos se ele fala de São Paulo ou de Manhattan, se o bandido é herói ou se o verdadeiro diretor não seria, afinal, Orson Welles.
Os magnatas, americanos ou brasileiros, mantém também ambiguidade porque emulam a figura de Welles, ao mesmo tempo em que são um pastiche tanto dos milionários corruptos quanto dos milionários diretores de Hollywood.
Um ponto de nitidez aparece quando a comédia das elites é contraposta aos sucessos do Bandido da Luz Vermelha. Não há comparação possível: frente aos desmandos dos poderosos, o ditos “bandidos” populares são verdadeiros heróis.
Por isso Sganzerla diz fazer um “filme de cinema”. Não só um filme dentro do filme, mas uma paródia do cinema que aponta para uma utopia tão cara à época do Cinema Novo: a periferia vai deixar de ser uma anomalia insuportável.
Seu cinema (paródico, brincalhão, amador, juvenil) não deve nada ao cinema do dito 1° mundo. Se a estética de seus pares preconizava a fome, ele vai nos jogar o lixo que somos.
Por isso tantos o veem próximos da Tropicália, de um mundo caótico, divino e maravilhoso. Mas quando foi que essa utopia, mesclada a lixões e invasões alienígenas, deu lugar a um cinema careta, a “filmes de resultado”?
Vou deixar a pergunta no ar. Deixo uma indicação no link logo abaixo.
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